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quinta-feira, 28 de junho de 2012

Relatos de um fato verídico que realmente aconteceu de verdade



    Olá. Lhe contarei toda a minha história, ou pelo menos tudo o que eu lembro.
    Não me identificarei por enquanto, apenas aceitem-me como vosso humilde narrador.

    O ano era 1995, dia 4 de fevereiro para ser mais exato. Eu havia me alistado a pouco tempo para o esquadrão de exploradores. Enquanto não me chamavam eu pensava em todos os outros que já haviam saído a explorar o mundo... Tristes estatísticas, de todos que foram, nenhum voltou. Nunca.
    Nosso reino era separado do resto do mundo por uma espécie de ponte... um túnel aliás. Pensando melhor, como falar do que separava nosso reino se você nem ao menos sabe o que era nosso reino, né?
    Bom, nosso reino era um local esférico, razoavelmente grande, era composto por uma única cidade (nunca entendi o porquê de chamarem de reino), onde todos nós vivíamos. Ao contrário de vocês da Terra, nós não eramos envoltos por ar e sim por um líquido, mas isso nunca foi um problema. Nós nos adaptamos a esse líquido, tirávamos dele nossos nutrientes, e até nossos corpos evoluíram. Atrás de nós havia uma especie de rabinho, quase como uma barbatana, que nos permitia ir de um lugar á outro. Nós todos habitávamos essa cidadezinha, não tínhamos casas pois não tínhamos bens, nem precisávamos descansar. Não havia luz do sol, a luz era avermelhada e muito fraca. Nosso tempo era gasto nos movimentando de um lado para outro, socializando com os outros e nos exercitando. É, já deu pra entender como era, agora já posso voltar a história... Onde parei? Ah sim, vamos lá.
    O túnel que separava a nossa amada esfera do resto do mundo era escuro, apertado, e desabitado, muitos diziam que quando se chegava ao fim, acabava o chão, e que era impossível sobreviver a queda. Em geral o túnel se mantinha fechado, mas cerca de uma vez por dia, as vezes menos ainda, o túnel se abria, e os exploradores iam em sua expedição procurar algo além de nosso conhecimento.
    Naquele dia eu estava preparado para sair na primeira expedição possível, e meus pensamentos foram interrompidos por um alvoroço súbito, o túnel havia se aberto, era minha chance, eu precisava ir. Parti em disparada em direção a ele, e no caminho alguns outros foram se juntando a mim, quando me dei conta eu estava na frente do esquadrão inteiro. O clima era diferente do que eu esperava, ninguém se ajudava, parecia mais uma disputa, todos se empurrando e tentando passar os outros para trás. Eu realmente dei muita sorte aquele dia, se não estivesse tão perto do túnel, acho que não conseguiria ter mantido a dianteira. Quando cheguei ao fim do túnel minhas esperanças se concretizaram, não havia um precipício, mas uma outra espécie de túnel, um pouco maior, nesse momento reparei também que estava sozinho, até hoje eu não sei para onde o resto do esquadrão foi, mas isso não vem ao caso.
    O novo túnel me levou à um pequeno casulo, esférico e avermelhado, me lembrava nossa cidadezinha, porém muito menor, um pouco maior que eu apenas... Ele parecia me convidar para adentrá-lo, então eu o toquei, uma pequena abertura se fez e eu passei. O local era perfeito pra mim, e parecia que de alguma forma se comunicava comigo, era algo místico, uma relação única entre dois seres, ali eu percebi que meu corpo e o casulo estavam se tornando um só, mas a sensação era tão boa que eu não conseguia nem ao menos sentir medo, apenas relaxava, até que dormi. Acordei sentindo uma movimentação estranha, eu estava indo para algum outro lugar, ainda estava dentro do casulo, mas conseguia sentir como se fosse ele. Aliás, eu acho que nesse ponto nós dois já havíamos nos tornado apenas um. Enfim cheguei ao destino, era um salão, avermelhado (engraçado com tudo parecia ser avermelhado lá) e grande, bem maior do que a cidade de onde eu havia saído. Eu estava submerso em uma outra espécie de líquido. Nesse local eu fiquei por dias, aliás, meses, até que percebi que além de eu e o casulo sermos um, havia uma ligação entre nós e o salão, parecia com um tubo, e aquilo nos mantinha vivos, não sei como, mas era por aquilo que eu recebia a energia necessária para viver. Com o passar do tempo eu fui crescendo, meu corpo se adaptou aquele lugar, eu não era mais aquele ser que havia saído em expedição a alguns meses atrás, eu estava bem maior, e algumas coisas novas apareciam em mim, algo como membros a mais, porém fortes e com uma estrutura diferente, e meu corpo parecia estar dividido de uma forma especial, uma parte com membros e outra, um pouco menor, com várias pequenas extensões, eram essas pequenas extensões que me faziam sentir o que acontecia ao meu redor... Na verdade não fazia tanta diferença pois o lugar, embora muito confortável era habitado apenas por mim, então não tinha muito o que sentir. E se você acha que era ruim pela solidão do lugar, eu digo para você, acredite, era maravilhoso, eu nunca me sentia solitário, parecia que algo me cercava, uma presença contínua, e fazia eu me sentir muito bem.
    Eu sabia que aquilo não duraria pra sempre, o salão estava começando a ficar apertado, eu temia que o fim estivesse chegando, embora aquela presença me confortasse. Um dia senti que algo estava errado, eu precisava sair urgentemente, e parecia que tudo ao meu redor estava me ajudando, havia uma pressão sob mim, e eu vi um novo portal se abrir, era extremamente claro, e, por incrível que pareça, não era avermelhado. Minha hora havia chegado, eu precisava sair dali, e aquela presença que me acalmava parecia me chamar para ela, bastava eu seguir a luz, então, com todas as minhas forças, saí daquele lugar no qual passei tanto tempo. Atravessei o portal.
    O mundo ao meu redor era diferente, havia milhares de coisas espalhadas por ele, eu conseguia ver muitas cores, cores que nunca havia visto antes, e eu me sentia sujo, e com frio. Haviam também seres me olhando, seres parecidos comigo, mas muito maiores, eu me senti indefeso e tentei me comunicar, mas tudo o que saía eram alguns sons indefiníveis. Eu estava a ponto de ter um ataque de medo quando senti algo me acolhendo, era ela, aquela presença agora havia se materializado, e estava me abraçando, nesse momento meus amigos, nesse momento, eu vi que aquele não era meu fim, na verdade, aquele era apenas o começo de tudo isso. A cerca de 16 anos e meio... Meu nascimento.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Eu sei, você sabe... A vida é tão estranha!


Enfim em casa... Pois é, eu passei cerca de uma semana e meia longe de casa, longe da mamãe, do irmãozinho, da vovó, longe da minha família, os de casa pelo menos.
É bom voltar, aquela sensação de alívio, de que tudo correu bem e mais um capítulo passou. Mas é triste.
Mesmo que eu estivesse longe de casa, eu estava perto da Eliz, minha queridíssima namorada. Mesmo sem a gente fazer nada de mais, nada de tão especial, tudo era tão divertido e gostoso, só por estar com ela, aliás, eu voltei pra casa hoje e já estou aqui, cheio de saudades...
Me veio ao caso que, eu estava preferindo ficar longe de casa com a Eliz do que em casa sem ela, e cheguei a uma conclusão do porquê disso. Ta, eu sei que é óbvio, mas é que a conclusão que eu cheguei é bem explicadinha, aí acho que seria interessante compartilhar com vocês... 
Aqui eu estou com minha mãe, e eu amo muito ela, e sinto saudades quando estou longe, porém, em um dado momento da vida, eu vou me separar dela, deixar de ser dependente e partir pelo mundo, seguir viagem, "viver minha vida". Assim como a moeda, essa história tem dois lados, e o outro lado da moeda é bem animador. Lá por perto de quando isso acontecer, quando eu sair do ninho e for voar, irei voar acompanhado, ou pelo menos pretendo... E sim, isso quer dizer que pretendo passar a minha vida com Eliz, minha atual namorada (como eu já disse antes) e futura esposa.
Então a explicação para eu me sentir tão bem longe de casa com a Eliz, é que, desde já, eu venho me preparando para quando ocorrer essa mudança, passar cada vez mais tempo com ela e consequentemente, menos com minha mãe... E sabe, eu gosto disso, eu gosto de imaginar meu futuro, casado, morando em uma casinha bonitinha, levando uma ótima vida. E no que diz respeito ao agora, o jeito é esse, aproveitar enquanto estamos perto, e esperar por quando isso será o comum e ficar longe será só em ocasiões especias...
Enfim em casa... Esperando a vida passar pra passar a vida com a Eliz, essa menina que eu tanto amo.